Lula, Sarney e Renan querem impor sua sujeira a um país inteiro

MENDONÇA NETO

O conúbio entre José Sarney e Renan Calheiros tem a virtude da ousadia insana. Os dois pretendem demons-trar que, sozinhos, conseguem destruir o Senado e o regime democrático. Um, velho sórdido e cínico, o outro um ma-labarista da farsa, pretendem calar a nação, puxar os senadores por um cabresto de chantagem e farta distribuição de "merendas" com dinheiro público, contando que conseguirão calar o país.
Querem avacalhar a política impingindo um crescente grau de miserabilidade social em Alagoas e no Mara-nhão, absolutamente insensíveis com os milhares de doentes que o Estado não consegue cuidar, porque eles e seu bando desviam a imensa maioria dos recursos. Não satisfeitos em roubar, nomear pa-rentes, prostitutas familiares, agenciar empreiteiras para lhes dar gordas comissões, exibir o luxo de suas casas de praia, de suas fazendas adquiridas na ilicitude, querem, ainda, que o povo agradeça e lhes batam palmas. É um cinismo delirante. Um deboche quase demencial.
No conto célebre de Machado de Assis, "O Alienista", a princípio o médico achava que a população inteira de uma pequena cidade fluminense, estava louca.Depois, se deu conta que o louco era ele e internou-se sozinho no hospício. Em Alagoas, Renan e sua quadrilha desmo-ralizaram o conceito de vida pública, fi-zeram todas as alianças espúrias que só canalhas são capazes de urdir e fazer, e ainda conseguem circular nas ruas e ser recebidos nas casas de patifes como eles, sócios na farra que há décadas vem fazendo com o dinheiro do povo.
Eu assistia outro dia na Tv, uma entrevista do médico José Wanderley em que ele contava sua luta nas cirurgias coronarianas, os transplantes, as operações extra corpóreas, toda uma saga da boa medicina, inscrevendo Alagoas como um Estado capaz de realizar avanços na me-dicina. Tinha o doutor Wanderley na conta de um homem de bem. Mas, ao vê-lo como subtrato político de Renan Ca-lheiros, a quem presta ignominiosa vassalagem, não posso mais pensar assim. Não enxerga o cardiologista que sua solidariedade alimenta um bandido, um homem sem entranhas nem princípios morais nenhuns? Então, das duas uma, ou o doutor Wanderley concorda com este comportamento criminoso de Renan ou sofre das faculdades mentais, como aquele alienista de Machado de Assis.
Mas não é só ele quem paparica e bajula Renan Calheiros. São empresários, jornalistas, escritores, que se deliciam em ser recebidos pelo senador moleque e lhes bebem o vinho e lhes comem os canapés adquiridos, sempre, na ilegalidade. O que faz estes homens agirem assim:? Ouvi, outro dia, também na televisão, o vereador Dudu Holanda, na tribuna, com empáfia, dizer que votará em Renan Calheiros para senador, ignorando todo o mal que este elemento fez a Alagoas e ao Brasil. Que tipo de ser humano será uma pessoa que se orgulha em apoiar um canalha?
Nada digo destes prefeitos, que vão a Brasilia mendigar os tostões do Governo Federal, para seu enriquecimento ilícito. Pode-se dizer que são sócios minoritários de Renan Calheiros. Nada digo destes vereadores que estão roubando as despensas e as privadas das Cãmaras Municipais.
Mas me causa profunda repulsa o silencio dos que pensam. Dos professores, dos intelectuais, do clero, dos estudantes, dos articulistas que escrevem em jornais sobre o sexo dos anjos e não tem o pudor cívico de prestar seu depoimento sobre o emporcalhamento da política de Alagoas ,arquitetado e conduzido por Renan Calheiros e seus asseclas, laranjas e chumbetas.
Na imprensa, penso que apenas Ricardo Motta e eu damos nomes aos bois, ele com seu estilo inglês e eu com minha pancadaria panfletária, rútila de indignação e desprezo por esta canalha que domina a política alagoana.
Aconselham-me a não criticar o presidente Lula por causa de sua popularidade e porque se eu for candidato posso perder votos por isso. Meu amigo, quando na minha vida irei me calar em troca de eleger-me à qualquer cargo? Quando farei silêncio por conveniência eleitoral? Quando disfarçarei o que sinto para agradar a quem se deixa iludir por este presidente farsante, que, empossado, traiu a sua palavra, tudo o que pregou durante a vida, e agora protege descaradamente José Sarney e Renan Calheiros porque quer eleger Dilma Roussef e porque não tem vergonha na cara? Temos um presidente que não tem vergonha na cara e quer que o povo brasileiro o imite nesta desfaçatez. Só o PT, asqueroso, dobra-se ao chicote presidencial, que o desmoraliza como partido, que o desautoriza de público, que o trata com desprezo e deboche, como faz agora com o pobre mentecapto senador Aluisio Mercadante, a quem Lula trata como se fosse um cão pulguento, dando-lhe chutes públicos, a que o senador não reage, como reagiu Heloisa Helena quando Lula começou a trair as bandeiras do PT.
Estamos vivendo o desmonte das instituições democráticas. Este aval a ladrões, público e vergonhoso, é semente para golpe de Estado e revolução. Na história da humanidade quando se pensou que o povo não se revoltaria, que estava fora de moda o espírito revolucionário, o sangue correu e cabeças rolaram. Na Venezuela, as elites roubaram o quanto quiseram. De repente, um demagogo com formação militar, tomou o poder, estrangulou a oposição, faz o que quer com o voto popular, fecha rádios e TVs, expulsa adversários do país e o povo o apóia, porque, apesar de tudo, ele barateia a gasolina e o custo de vida e não deixa as elites roubarem.
Os militares brasileiros, desde a grande fraude da ditadura militar, perde-ram o respeito da nação. Torturaram, mataram, levaram o país a uma inflação gigantesca e saíram do poder enxotados. Resumem-se hoje às festinhas de 7 de setembro, desgraciosas e desenxabidas. Velhos generais reúnem-se, fazem blogs na internet, mas lhes falta capital político e moral para serem ouvidos. A jovem oficialidade só pensa em aumentar seus salários, e muitos em sair das Forças Armadas e ficarem ricos na iniciativa privada.
Ando nas ruas, porém, e vejo o semblante do povo, encabulado com a perda dos padrões morais que os Renans e Sarneys encarnam no Brasil com esta esclerose cívica. Eles sabem que as drogas, a criminalidade crescente, os seqüestros, os filhos que matam pais, os estupros, são fruto desta degenerescência política. Do exemplo, do péssimo exemplo da classe política. E sabem, ainda, que, ou mudamos isto, ou chegaremos a um ponto que seremos caçados dentro de casa, por vândalos, enquanto os Renans e Sarneys, com dinheiro nos paraísos fiscais, fugirão e irão esquiar em Aspen ou na Cortina D' Ampezzo, com aqueles usineiros que sempre acompanham os políticos corruptos, para servirem-se dos farelos do poder.
Mas o povo ficará a mercê do crime. Indefeso. Estático. Paralisado como estátuas de sal que não souberam ou não quiserem reagir na hora certa e preferiram calar, fingir que não viam, esconder-se, esquivar-se, postar-se de quatro diante desta realidade que ofende qualquer pessoa que tenha tido um mínimo de educação familiar. Há muitos canalhas no poder e muitos outros lhes apoiando. Os que não são tem o dever de levantar-se e dizer não.Alagoas,mais uma vez, terá seus brios à prova em 2010. Se eleger esta canalha,melhor cercar tudo com arame farpado e nomear um feitor, cercado de cachorros, para tomar conta. Povo que se dobra fácil,não merece respeito.
PORQUE NÃO VOTO MAIS EM PINTO DE LUNA
Pensei em escrever do meu desapontamento com o delegado Pìnto de Luna por sua filiação ao partido mais acusado de corrupção no Brasil, o PT, e que, em Alagoas, teve seu representante principal indiciado pela própria Polícia Federal e pelo próprio Pinto de Luna, o deputado Paulão, e por isso considerei que o delegado não sabe nem o que disse e nem o que está dizendo. Mas, entre muitos e- mails de alagoanos que pensam como eu, recebeu o EXTRA, este que transcrevo abaixo, uma síntese bem escrita do episódio lamentável.
netogouveiario@gmail.com
Comentário:
Já postei vários comentários aqui mesmo no Extra (jornal que admiro) em apoio a eleição do Pinto de Luna, mas retiro nesse momento. Confiava que se filiasse num partido sério e, convite não faltou.
Como vou votar num cara que indiciou, por roubo, pessoas que vão estar no mesmo palanque, isso é muita incoerência.
Sem ofensas pessoais, mas acho que Pinto de Luna perdeu uma boa oportunidade de continuar seguindo sua vida pública na PF, pelo visto seria mais correto.
Do ponto de vista pessoal é um direito ir pra onde quiser, porém do ponto de vista moral e político fica sem crédito, pelo menos para mim.
Agora, leio em algum lugar que não é verdade o almoço de filiação que ofereceu o PT a Pinto de Luna. Que ele ainda está pensando.Indeciso. Que coisa. Este negócio está descambando para o perigoso terreno da galhofa.
PERGUNTE AO JOÃO
Domingo, dia dos avós, fico só em casa e vou em busca de um restaurante que me recomendaram: tem dobradinha à paulista, que muita gente não gosta. Uns dizem até "eca", mas eu gosto. Sabia que era um lugar simples, entre a Pajuçara e a Ponta da Terra, e lá fui, perguntando de esquina em esquina. Achei. Um lugar singelo que atende pelo nome de "Buchada do Galego". Uma entrada por um corredor esconso, e um salão com mesas simples, toalhas modestas. Vem o galego e me recebe de braços abertos, mas não tem dobradinha. Escolho uma costela de porco que iria provar estar excelente, bem torrada e bem feita. De repente, ouço a voz de um freguês que pede licença para sentar-se a meu lado. E depois de referir-se a estes artigos no EXTRA e se dizer de uma editora internacional, me promete que conseguirá para mim, sem custo, todo o material gráfico da minha campanha. Sorrio, incrédulo, mas ele garante com voz firme. João da Silva, nome mais brasileiro impossível. Paguei R$ 10 reais e saí de lá rico em propaganda. Pelo menos na promessa. Espero que meu santo seja forte.
UM PRATO DE CAMARÃO
Em outro restaurante, onde vou ouvir a voz encantadora de Didah Lyra, sento-me perto de uma janela de onde se divisa uma pequena mata, com um verde estimulante, e preparo-me para pedir. Mas eis que chega às minhas mãos, um bilhete escrito na fina folha do guardanapo, dizendo assim: " Homens de bem não precisam esconder-se para falar a verdade. Quem tem que se esconder é bandido. Parabéns por seus artigos no EXTRA. Um leitor". E junto com o bilhete o garçom trás um ge-neroso prato de camarões acebolados, cortesia do leitor, que me deixa encabulado, mas feliz. Os nazistas disseram que Paris não valia uma missa. Para mim, o gesto deste leitor vale uma liturgia inteira.
OUTRA VEZ, O GESTO
Um velho filme americano exaltava o beau geste, a atitude, aquele que dava a quem o praticava, um atestado de grandeza, coragem e desprendimento. Assim me sinto a cada semana com as mensagens que recebo, espontâneas e capazes de mexer com o meu velho coração. Como esta com nome e sobrenome que veio da terra de Zumbi:" José Juvenal Valença Pereira: - "Concordo plenamente com o colega aposentado Cordeiro, e na minha prole, conta-se 48 votantes, os quais, concordam comigo para votar em Mendonça Neto, aqui em União dos Palmares, onde estamos ao seu inteiro dispor". Obrigado, nada mais posso dizer.
SAPUCAIA X CICERRO FERRO
Cicero Ferro nunca respeitou ninguém. Nem pessoas humildes e nem autoridades. Pensa que ser líder é gritar, mandar surrar e matar. Ataca Antonio Sapucaia que passou meio século servindo ao direito. Sapucaia, todos sabem é um sujeito de convivência difícil, turrão, quase antipático. Mas é um homem com relevantes serviços prestados a Alagoas. Um intelectual e um juiz probo. Se o dinheiro que recebeu da Magistratura for ilegal ou, pelo menos, imoral claro que deve devolver. Mas só mesmo em Alagoas um elemento como Cícero Ferro tem a petulância de agravar a honra de um homem com Antonio Sapucaia.
PERGUNTA DA INOCÊNCIA
Vocês conhecem meu filho João Gui-lherme, pelos menos de tanto me ouvir falar. Pois bem, ele esta semana, entrou no meu quarto, ficou me olhando pensativo, e depois de uma reflexão profunda, própria de quem tem 5 anos, me perguntou: "por que a televisão do seu quarto é enorme e a do meu é tão pequenininha?
PENSE BRASIL
Boa conversa com o meu amigo José Medeiros Nicolau da ONG Pense Brasil. Muita gente escreveu ao EXTRA querendo ajudar o projeto que visa dar apoio às crianças pobres e aos velhos da Barra de São Miguel. Tudo sem um centavo de nenhum governo. Quem quiser ver de perto, vá a Barra pergunte pelo prédio que será inaugurado em agosto. Ajude. E encante-se com este lado decente da vida empresarial, que ganha dinheiro, mas olha com ternura para os que sofrem e são órfãos de felicidade na vida.
GLÓRIA DE GOITI
O empresário da construção civil Carlos Lima, entregou no prazo certo, o edifício Goiti, na Jatiuca. Com todas as obrigações trabalhistas em dia e brindando os compradores com uma bela festa de confraternização. Um raro exemplo de eficiência. Enquanto isto, no imponente edifício Arpoador, também na Jatiuca, nenhum dos moradores é dono do apartamento que comprou, porque os construtores, Meta e Uchoa, passaram a perna no INSS ao longo de toda a obra, deram o calote. E este Uchoa ainda é presidente da ADEMI.
RICARDO QUER CPI
O atuante vereador Ricardo Barbosa, do PSOL, no Congresso do partido, disse-me que a informação da PF de que o prefeito Cícero Almeida movimentou R$ 5 milhões e meio em suas contas bancárias é gravíssima e forte indicador de crime de responsabilidade. Tão logo termine o recesso, Ricardo irá propor a criação de uma CPI e chamar para depor o delegado Janderlyer Gomes e representantes do Banco Central da República, além do Ministério Público, para apurar tudo e tomar as medidas parlamentares e judiciais cabíveis. O caso é gravíssimo.