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sábado, 9 de janeiro de 2010

Isto é Uma Vergonha!

CULTURA
THEÓFILO SILVA

ReproduçãoQuando Hamlet pede a Polonius para tratar bem os atores itinerantes, este responde: “Senhor, eu os tratarei de acordo com os seus méritos”. Irritado com a resposta, Hamlet replica: “corpo de Deus, homem, muito melhor! Se fôssemos tratar cada homem de acordo com o seu merecimento, quem escaparia do chicote”?
Isto é uma vergonha! Quem é que não conhece este bordão no Brasil? Qualquer um que comete um deslize moral, ético ou de natureza inconsciente, o Âncora de TV, Boris Casoy chama a câmara para si e fulmina: isto é uma vergonha! É famoso por essas justas palavras de indignação.
No último dia de 2009, Boris estarreceu o país. Na abertura do Jornal da Band, a emissora homenageava os profissionais que estavam trabalhando na virada do ano pondo-os para falar. Sorridentes, dois garis desejaram Feliz Ano Novo para todos! Imediatamente toca o tema de abertura do jornal. Por acaso um microfone está ligado e ouvimos Boris comentando nos bastidores: “Que merda... Dois lixeiros desejando felicidades... Do alto das suas vassouras... Dois lixeiros!... O mais baixo da escala do trabalho”. Disse literalmente isso rindo em tom debochado. O vídeo está no You Tube.
Confesso que estou a caminho dos cinquenta anos, e nunca em toda a minha vida, tinha ouvido da parte de um jornalista, âncora, repórter ou outro profissional da área, declaração mais “pesada” do que essa.
Fico me perguntando se essa “colocação” de Boris, que é muito mais do que uma mera frase, tivesse sido dita por um político, FHC ou por Lula? Não teria Boris pedido a cabeça deles no dia seguinte! Ele, que foi contra o impeachment de Collor no seu Jornal do SBT 18 anos atrás.
Recordo que o embaixador Rubens Ricupero perdeu seu Ministério, foi execrado, e é até hoje, marcado pelo fato de ter dito nos bastidores de um dos telejornais da Globo: “o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde”.
Boris é um homem público e não pode mais usar o bordão: “isto é uma vergonha”. Tem que fazer penitência. O que ele disse é gravíssimo. Boris, o homem que substituiu Cláudio Abramo na Folha de São Paulo e que foi acusado de ser o homem de confiança do regime militar e pertencer ao Comando de Caça aos Comunistas e que trocou “a sisudez da Folha pelo besteirol de Sílvio Santos”.
Boris não pode mais corrigir declarações de quem quer que seja. O caso de Boris não é de ato falho, há palavras demais ali. Boris mostrou que é preconceituoso e arrogante, e que seu bordão é da boca pra fora. Seu ato foi piorado pelo pedido de desculpas desprovido de humildade.
Ele, que pede a cabeça de Políticos todos os dias. Como a política é infestada de corruptos, toda e qualquer frase infeliz ou mal colocada por um deles é explorada exaustivamente por toda a Imprensa, e com razão. Portanto, Boris não pode ser tratado de maneira corporativa já que envergonhou todos os profissionais do país!
Sim, todos nós temos maus pensamentos e merecemos muitas vezes o “chicote”, uma punição, quando os externamos, como o quer, Hamlet! Boris precisa de uma “chicotada”, isto é, fazer um mea culpa.

É preciso passar o Brasil a limpo. Isto é uma vergonha!

Theófilo Silva é autor do livro, A Paixão Segundo Shakespeare e colaborador da Rádio do Moreno.

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