Sérgio Lima/Folha
O jogo, como se sabe, estava jogado. O Conselho de (a)Ética consumou nesta quarta (19) a pantomima que se esboçava há duas semanas.
Conforme antecipado aqui, de madrugada, o velório do Senado terminou sem defunto. Ou, por outra, foi à cova o próprio Senado.
Em escassos 30 minutos, o conselho fulminou acusações que eletrificaram o plenário do Senado por mais de seis meses, desde fevereiro.
Por nove votos contra seis, mantiveram-se na gaveta as 11 ações protocoladas contra José Sarney (veja aqui como votaram os conselheiros).
Por unanimidade, arquivou-se a ação solitária que o PMDB abrira contra o líder tucano Arthur Virgílio.
Enredado pelas teias da oposição e pelos desígnios de Lula, o PT cumpriu no teatro do Senado o papel de salvador de Sarney.
Em nota, Ricardo Berzoini reduziu a reles luta política o que a sociedade enxergara como esforço moralizador. Coube ao petê João Pedro (AM) ler o texto no conselho.
Escondidos atrás do escudo da posição partidária, os três petês com direito a voto no conselho votaram com a gaveta.
Pedro Simon (PMDB-RS) realçou o inusitado: o petismo abraçou-se aos ex-algozes Sarney e Fernando Collor no dia em que Marina Silva bate em retirada.
Simon desdenhou da nota de Berzoini. Viu no presidente do PT um mero coadjuvante. O diretor da cena, disse ele, é Lula.
Flávio Arns (PT-PR), acomodou a lápide sobre os restos do que sobrara do velho PT.
“Tenho que me envergonhar daquilo que o meu partido fez. O PT rasgou a página fundamental da sua constituição, que é a ética...”
“...Pegou a folha da ética e jogou no lixo. Vai ter que achar outra bandeira, que não existe. A ética foi jogada no lixo pelo PT...”
“...Particularmente com a nota do seu presidente, recomendando que a ética fosse jogada no lixo”.
Com a declaração de Arns, os senadores do PSDB e do DEM, ficaram como que desobrigados de fustigar o petismo.
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