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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Vergonha

“Se vamos cassar alguém? Claro que não.” A pergunta e a resposta pingaram dos lábios de Sérgio Guerra.

O presidente do PSDB subiu à tribuna para responder a uma provocação que José Sarney lhe fizera na véspera.

O presidente do Senado abespinhara-se com declarações que Guerra dera no final de semana.

O grão-tucano cobrara de Sarney explicações sobre a notícia de que uma empreiteira pagara dois apartamentos usados por sua família, em São Paulo.

Em resposta, Sarney recomendara ponderação. Insinuará que o próprio Guerra fora vítima de acusações.

Daí a ida de Guerra à tribuna. Recuou no tempo. Disse que, de fato, “em grande tumulto nacional”, fora arrastado ao banco da CPI.

Era, então, “relator de estradas” do Orçamento. “Enfrentei os desafios que apareceram”. Prestou depoimento de “dez horas”.

Disse que sua participação “foi a primeira e única aprovada não apenas pelo Congresso, mas pela opinião publica”. As acusações foram ao arquivo.

Feitos os esclarecimentos, Guerra pôs-se a tratar da crise atual. Empregou um timbre água-com-açúcar.

Condenou o emprego de tropas de choque. Disse que Sarney, como homem público, deve explicar as denúncias que o assediam, não fugir delas.

Mas, flertando com o óbvio, deixou claro algo que já ficou claro desde a semana passada: Sarney fica.

"É claro que o presidente Sarney sofre um ataque muitas vezes injusto. Tudo que acontecer com ele, comigo ou com outros senadores é questão pública...”

“...Mas se vamos cassar alguém? É claro que não. Se vamos discutir esses fatos? É claro que sim".

O mandachuva tucano soou claro: “Nunca na minha vida cassei o mandato de ninguém. É uma questão intima...”

“...Acho que o Senado, a Câmara e o Parlamento não são para isso. Se para ser senador eu tiver que cassar mandato, não serei senador nunca”.

Para Guerra, o julgamento de congressistas é coisa que deveria ser tratada pelo Judiciário, não pelo Congresso.

Em aparte, José Agripino Maia, líder do DEM, concordou com o parceiro de oposição: cassação de mandato é tema para a Justiça.

Sarney ecoou a dupla: o Judiciário, não o Congresso, que não tem isenção para julgar mandatos.

Curiosamente, Agripino e Guerra deixaram antever que tucanos e ‘demos’ votarão contra Sarney no Conselho de (a)Ética.

É de perguntar: ora, se não pretendem cassar Sarney, por que diabos não abandonam o teatro, mantendo todas as ações no arquivo?

Ou ainda: se acham que a Justiça deveria julgar os malfeitos cometidos por congressistas, por que diabos não aprovam uma lei fixando a nova regra?

A alturas tantas, Sérgio Guerra evocou a pesquisa Datafolha –74% dos brasileiros a favor do afastamento de Sarney.

Emendou: “Os senadores não andam nas ruas porque são mal vistos. Todos estamos comprometidos”. Verdade.

Pior: ao reconhecer que Sarney fica, Sérgio Guerra como que tonifica a aversão da sociedade. Os senadores serão, agora, ainda mais mal vistos.

Escrito por Josias de Souza às 20h18

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