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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A leitora refém e a 'Disneylândia' de Brasília

Publicada em 17/08/2009 às 13h07m

Artigo do leitor Marcelo Sampaio Dias Maciel

Acabei de ler o relato da cidadã M.L.T., recém-assaltada/sequestrada na Rua Pinheiro Guimarães, em Botafogo. Impressionante a lucidez e descortino de uma pessoa que passou por um trauma tão absurdo e grave há tão pouco tempo.

O encerramento do seu relato foi perfeito. Temos que ter raiva de tanta incompetência de nossos políticos e administradores públicos, não dos desgraçados bandidos que nos molestam. O que esperar de nossa classe de políticos? Por que tanta sociopatia, indiferença com o restante da sociedade, sordidez, desonra, comportamento antiético? O que é que falta acontecer para nossos políticos mudarem sua forma de agir? Seus parentes serem molestados? Talvez nem assim.

Há em curso no Brasil (tem cinco séculos), uma espécie de "frenesi infame", um esporte nacional: o assalto aos cofres públicos. De todas as formas possíveis: com atos secretos no senado, obras superfaturadas, corrupção ativa, passiva etc. Some-se a isso uma moléstia não tão menor mas igualmente danosa: a incompetência administrativa.

O pior de tudo é ouvir outros políticos falarem aos quatro ventos: "sempre foi assim" ou que "estão se lixando para a opinião pública". Essas e outras frases nos humilham e nos envergonham.

Como as pessoas podem ser otimistas, quando estamos sujeitos a um assalto no Bar Cabidinho (Botafogo), a um arrastão no Túnel Santa Bárbara ou a um tiroteio na Rocinha, como? Como trabalhar e ficar contente no meio da "sociedade da bala"? Como viver esperando ser o próximo gnu da manada a ser atacado pelas "bestas-feras", os viscosos (BAUMAN, 2000), os excluídos pelo predecessor assalto aos cofres público? Alguém sabe o tamanho das perdas que isso provoca?

Será que realmente é prioridade fazer um museu de dezenas de milhões de dólares na Praia de Copacabana? Vamos ficar assistindo de braços cruzados isso?

Como escreve Rapoport em sua obra sobre Teoria dos Jogos, somos todos arruinados pela cegueira do envolvimento. Enquanto não formos atacados ficaremos quietinhos esperando nossa hora de enfrentar os resíduos do "capitalismo brasileiro" ou novamente nas palavras de Bauman, os "viscosos".

O que fazer então? Sinceramente a solução parece que fica cada vez mais distante. A cada novo ato dos bandidos, mais audácia, mais crueldade, menos temor da lei. O (mau) exemplo vem de cima. E eles seguem a cartilha com maestria.

Talvez o Hebert Vianna esteja certo quando cantou "Eles ficaram ofendidos com a afirmação; Que reflete na verdade o sentimento da nação; É lobby, é conchavo, é propina e jeton; Variações do mesmo tema sem sair do tom; Brasília é uma ilha, eu falo porque eu sei;Uma cidade que fabrica sua própria lei; Aonde se vive mais ou menos como na Disneylândia; Se essa palhaçada fosse na Cinelândia; Ia juntar muita gente pra pegar na saída".

Para trazer esses sujeitos para realidade do nosso dia a dia, para tirá-los da "Disneylândia" de Brasília, só mesmo um choque.

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